sábado, 30 de agosto de 2008

POLÍTICA INTERNACIONAL - CÁUCASO

Em 1989 o Mundo mudou. Foi o ano em que caiu o Muro de Berlim, que significou simbolicamente o fim da Guerra Fria que se caracterizava por um vertiginoso bipolarismo entre as duas superpotências: Estados Unidos da América (EUA) e União Soviética (URSS). Contudo, hoje vive-se com a nítida sensação de que podemos estar a viver uma “pré-Guerra Fria II”. E que sinais são esses?
Em primeira lugar, o conflito no Cáucaso faz reflectir tendências imperialistas e dominadoras da Federação Russa sobre as antigas repúblicas socialistas que constituíam a ex-URSS. Em segundo lugar, estamos perante uma situação em que a Rússia quer demonstrar ao mundo o seu poderio militar e tecnológico, que era, em tempos, o orgulho da Nação Soviética. Em terceiro lugar, tem-se verificado um crescente número de intervenções críticas e azedas entre EUA e Rússia em razão da morosa retirada das tropas russas, pela questão da colocação do escudo antimíssil em certos zonas geoestratégicas na Europa, e pelo progressivo distanciamento das relações entre NATO (que também tem os seus interesses na Europa de Leste e na região do Cáucaso) e a Rússia.
Apesar destas razões, penso que a actual conjuntura dos acontecimentos desfavorece a Rússia, e pode acarretar consigo um grande perigo: o isolamento internacional. Isolamento em dois sentidos: primeiro, se mantiver a sua feroz ofensiva na Geórgia, não respeitando assim os princípios estabelecidos no cessar-fogo; o segundo, visto que a Rússia apoiou formalmente as regiões separatistas da Abkházia e da Ossétia do Sul, e se nenhum outro Estado apoiar as referidas independências, então isso pode-se traduzir numa perigosíssima posição de isolamento perante a Comunidade Internacional. Todavia, apesar deste cenário provável, não nos podemos esquecer que a Rússia tem um excelente argumento a seu favor que pode desconfigurar o xadrez político mundial. É que os EUA apoiaram, e mal, a independência do Kosovo, o que dá também legitimidade à Rússia para apoiar as independências da região do Cáucaso.
Em suma, não seria, com efeito, credível que se instaurasse um conflito à escala mundial pois, actualmente, são tão caleidoscópicos as questões, os problemas e os desafios que os Estados têm a enfrentar, que seria uma profunda desumanidade se pensassem em reeditar pela terceira vez uma Guerra Mundial em que os grandes atingidos seriam novamente milhões e milhões de inocentes desses países.
Por vezes, temos de ser políticamente incorrectos para sermos humanamente grandes.

1 comentário:

MARTHA THORMAN VON MADERS disse...

É o fim do mundo?
mas também aí, é um mundo de pressentimentos e desejos obscuros.
Um grande abraço